O QUE ANDAMOS NÓS A PROTEGER ?
Após a tempestade, mais um período de calmaria. Sem grandes ondas e com remendos de areia, toda a área há uma semana atrás ameaçada pela fúria das marés encontra-se novamente fora do espectro mediático e dos holofotes televisivos.
Mas, antes que venha mais um susto (provavelmente lá pra dia 20), importa pensar um pouco sobre o que estamos nós a proteger. Na área urbana da Costa, são óbvios os valores materiais em causa e que importa colocar a salvo. Em São João da Caparica e Cova do Vapor, as coisas não são bem assim...
Os bares de praia existem há décadas. Sempre coexistiram pacificamente com as marés, com óbvia utilidade turística e lúdica. Nos últimos anos, a sua existência tem colidido com o avanço do mar, o qual tem motivado o recuo sucessivo destes bares. A sua utilização resume-se à estação estival, onde as condições meteorológicas e marítimas permitem o seu usufruto normal. Nas restantes estações do ano, é obviamente impossível manter uma estrutura numa praia que está em rápida regressão, com um balanço negativo ao nível da provisão de sedimentos/areias e uma estrutura demasiado pesada para ser desmontável nestas alturas.
A Câmara Municipal de Almada não pode licenciar actividades económicas que correm sério risco de destruição. Poupar-nos-ia a todos a mesma telenovela todos os anos, com os donos dos bares a exigirem protecção para os seus negócios cuja viabilidade é pouca ou nenhuma.
O mesmo se aplica aos parques de campismo da INATEL, CCL e Escuteiros. Andamos a proteger equipamentos, infra-estruturas e localidades que não têm o mínimo de condições para subsistirem. Nem com os propalados diques, ideia mirabolante e descabida sem aplicação no contexto actual da Costa.
As soluções estão a montante. Tudo o que se faça no local ou a jusante apenas irá adiar o problema. O Mar não recuará.
10 Comments:
Que "post" tão pessimista.
Vê-se bem que nunca reparou na Holanda e no Japão, que aí sim, vive-se abaixo do nível do mar e dasafiam-se diariamente, todas as regras da natureza.
É óbvio que há soluções!
Haja vontade!
Ideia mirabolante e descabida é ignorar o trabalho realizado com sucesso e provas dadas na Holanda.
Quem pensa no exemplo holandês não tem em conta o contexto marinho e fluvial peculiar que afecta a Costa de Caparica, assim como grande parte do litoral Atlântico.
Queremos tornar a nossa Costa uma fortaleza de betão, protegida a todo o custo do avanço marinho. Nem tudo pode ser protegido, sendo os bares de praia e a Cova do Vapor o exemplo acabado de que não deve ser protegido o que não tem condições para subsistir.
E já agora, Nova Orleães também tem diques...
"O mar não recuará.", Diz o Caparicano.
O que irá acontecer aos habitantes da Costa de Caparica?, Pergunto eu.
E já agora, dentro de algumas cabeças também há diques...
Sou da opinião do caparicano. A dinâmica litoral a seu tempo levará novamente à mesma situação. A reposição de sedimentos não é feita naturalmente e aí muito pouco existe para fazer a não ser utilizar um mecanismo que permita a passagem dos sedimentos retidos nas albufeiras.
"Andamos a proteger...localidades que não têm o mínimo de condições para subsistirem.", Diz o Caparicano.
Ao que parece a Costa de Caparica é uma localidade com morte anunciada, é este o destino traçado pela Caparica Futurista.
Pelos vistos, os caparicanos mais tarde ou mais cedo irão ser engolidos pelo mar. Esta parece ser a opinião do Caparicano.
Eu discordo totalmente desta idiotice.
Esta discussão só existe hoje porque o mar avançou e isso só aconteceu praticamente a partir de 2001. Se avançou, existem razões concretas para tal. Foram executadas obras do outro lado do Tejo que modificaram o rumo das correntes. O que a Caparica tem de exigir é o ser compensada, como praia e localidade do que foi feito e influenciou as correntes deste lado. Agora, só porque desde há cinco anos que o mar avança não vamos entrar no catastrofismo.
Em relação à Cova do Vapor, há muito que o POOC (Programa de Ordenamento da Orla Costeira)prevê o fim do bairro, que me parece óbvio e natural.
Os bares de São João têm tanta legitimidade e razão para existir quanto os do Parque das Nações. Se se gastaram milhões a fazer aterros naquela zona, aterros que influenciaram a mudança das correntes no Tejo e se agora onde existia entulho existem bares, também na Caparica deve existir lugar ao investimento, também devem existir bares e hotéis e restaurantes.
É tudo uma questão de vontade política. Houve dinheiro para a Marina de Cascais, arranjem dinheiro para a Caparica que foi prejudicada por essas obras.
Não sou nenhum perito em engenharia do território, mas parece-me que diques não são a solução para a Costa. Se temos praias, temos que procurar preservá-las. Se tudo falhar e a Costa estiver em risco (o que deve acontecer se já não existirem praias, dunas, etc.), aí venham outras soluções (diques?).
Mas é um disparate andar a querer já a meter betão por todo o lado.
Ou então prolongar o paredão?
Os valores materiais, e respectivos danos em nada têm a ver com o querer escolher quem proteger! Afinal, se recebem contribuições autárquicas pelas casas da Cova e respectivos impostos pelos bares de S.João da Caparica, tratando-se de uma democracia, os direitos deverão ser iguais! Aliás, se um cigano tem três mulheres e três barracas e têm direito a três apartamentos, devemo-nos começar a pensar com os descontos que fazemos com outros olhos! Aempresa é Holandesa, mas o tipo do Inag, que nem uma tabela de marés sabe interpretar, esse, é português! Se a maré vaza muito e o mar não mexe, e se é hora de almoço! Então, não almocem e saquem a areia no ponto de maré mais baixo possível! O sedimento é o mesmo! Este ano (2008) deveria de ter começado a alimentação em Março na Nova Praia! Vai começar em Agosto, prejudicar um Campeonato de Nações de Surf a 600m a Norte e continuar até 19OUT2008! Com o mar a mexer é que é!
Estragam duas épocas balneares (ou mais...) e continuam a bombar areia com os mares de Outono!
Tenho mais umas coisas a acrescentar mas, ficará para uma próxima ocasião! Abraço. Dude.
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