sexta-feira, agosto 11, 2006

PORQUE NÃO TEMOS AREIA NAS PRAIAS DA CAPARICA ?




Durante séculos a Costa da Caparica teve um imenso areal, que se prolongava pelo mar e incluía uma ligação ao Bugio, constituído sobre o banco de areia que se ligava à Cova do Vapor e, devido à sua aparente inesgotabilidade, foi utilizada em algumas obras, como a construção das docas na parte oriental de Lisboa e na qual se utilizaram milhões de metros cúbicos de areia. De igual forma, a construção de várias barragens ao longo do Tejo e seus afluentes resultou, decerto e apesar da escassez de dados, na diminuição de sedimentos chegados ao estuário.Não querendo especular demasiado sobre a responsabilidade de cada acontecimento, a verdade é que, a dada altura, o banco de areia Bugio/Cova do Vapor se rompeu.

Esta abertura, actualmente denominada golada, intensificou o avanço do mar sobre a praia e a pequena duna que protegiam o aglomerado da Costa da Caparica. Às consequências, amplificadas pela subida do nível médio do mar e contexto físico específico, os agentes políticos viram-se obrigados a agir, procedendo a obras de contenção do avanço do mar. A primeira solução encontrada foi a construção de um quebra-mar (também apelidado de paredão) e de uma dezena de esporões perpendiculares e adjacentes a este, cuja finalidade era a absorção da energia das ondulações e seu consequente enfraquecimento, servindo apenas os esporões da Cova do Vapor como retentores de sedimentos. *

A vanguarda desta defesa continuou a ser a praia e o cordão dunar, onde até há alguns anos, a língua de areia entre o paredão e o mar, mesmo na preia-mar, era considerável. Contudo, a partir do final da década de 90, a problemática da falta de areia acentuou-se de tal forma que, inclusive na baixa-mar, a língua de areia era escassa e húmida. Apesar da influência dos vários factores já referidos, tal situação pode ser também explicável pelas alterações decorrentes das dragagens na barra do Rio Tejo, e os impactos a jusante da retenção de sedimentos nos esporões da Cova do Vapor. Acresce ainda que o destino das dragagens efectuadas pelo Porto de Lisboa, tem sido principalmente as praias da linha de Oeiras, Sintra e Cascais, actualmente com problemas bem menores ao nível da sedimentação.


* Ao contrário do que se poderia supor, a retenção de areias é apenas consequente quando a estrutura de um esporão se encontra bem para lá da rebentação das ondas, como é o caso do esporão da Cova do Vapor.

Fonte: Autoria Própria

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Também sou Caparicano, há 30 anos, e comprovo que também me apoquenta a falta de visão de biólogos, engenheiros e directores de institutos com falta de visão e muitos mesmo de vista e conhecimentos técnicos, pelos vistos. Não sou nenhum especialista da matéria, mas pelo que vejo dia-a-dia no que acontece com o avanço do mar e pelo que já vi ao passar de helicóptero por cima dos esporões e que se pode ver no google também muito bem. O mar está a entrar pela Costa de Caparica a dentro quase literalmente, porque os esporões estão a desaparecer, as rochas lá colocadas estão no fundo do mar e ninguém vê isso. Os esporões tinham à cerca de 20 anos mais 20 metros cada um, alguns mais. E era isso que ainda protegia as areias da praia, mas para o Instituto da Água, aparentemente deve dever-se apenas ao aquecimento global. Pois também, mas não só.... Colocaram milhões de euros de areias nas praias e em poucos meses já foram umas toneladas com o mar e suspeito que não cheguem ao verão... Quando é que estes senhores olham para a dimensão dos esporões e tiram a conclusão que a diminuição destes tem provocado o avanço do mar???

3:24 da tarde  

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