Após 3 semanas de interregno no blogue, por motivo de férias, o Caparica Futurista voltou.
Numa viagem por diversos países da Escandinávia, Europa Central e de Leste, foi possível aferir que nos encontramos ainda muito distantes da restante Europa, mesmo da recém chegada.
Parâmetros como o ambiente, ordenamento territorial e qualidade de vida medem-se de acordo com várias coisas que em Portugal são esquecidas.

Vejamos os transportes. As cidades e o país são feitos para o automóvel. Todo o santo local tem estradas, viadutos, tuneis e pontes que vão a todo o lado e não vão a lado nenhum. Estimula-se a suburbanização, os movimentos pendulares e o abandono da cidade. Em Lisboa, a cidade expandiu-se em todo o palmo de terreno disponível, chegando já, na Margem Sul, a toda a Península, e na Margem Norte, até ao Concelho de Mafra. Olhando para cidades como Estocolmo e Copenhaga, onde o centro é altamento dinâmico e povoado, tudo isto parece altamente contraproducente.
Em termos de construção, continua a tentativa de gerar mais valias a todo o custo. Qualquer terreno vale mais se tiver edificado, é lógico. Daí as autoridades necessitarem urgentemente de conter o avanço do betão porque os privados tentarão sempre rentabilizar ao máximo o lucro. Manter ou criar um jardim pode não gerar dinheiro, mas aumenta incrivelmente a qualidade de vida e é fundamental para um bom ambiente urbano. Cidades frias e pouco dadas a actividades ao ar livre mantêm parques enormes e áreas florestais de centenas de hectares; em contrapartida, em Portugal e com um clima propício para tal, mantem-se a lógica do passeio ao fim de semana pelos centros comerciais. Afinal o russo (Karyaka) tinha razão, faltam parques e jardins!

Por último, nas áreas litorais visitadas o panorama foi desolador - na Costa. Em todo o lado se encontram soluções harmoniosas para controlar o avanço do mar, que é generalizado na maioria dos locais, e a falta de areia nas praias. E muito menos se assiste a uma complacência tal que permita construír em áreas de risco, coisa vulgaríssima em Portugal e na Costa de Caparica. Nem nos países mais pobres da nova Europa!
Muita coisa precisa mudar.