quinta-feira, setembro 28, 2006

TERMINOU O VERÃO !




Findo o Verão temporal e meteorológico, a Costa está de volta ao marasmo habitual. Alguns turistas (especialmente estrangeiros), ruas mais ou menos desertas, comércio a meio gás e, acima de tudo, paz e sossego. De alguma forma, este Verão denotou uma tendência a que se tem assistido nos últimos anos: menos gente, menos confusão, menos turistas e mais qualidade.

Muito embora subsista um trânsito excessivo e demasiada gente, a pouco e pouco se começa a apostar numa gama elevada de turismo, com mais divisas e receitas para a cidade. Ao longo de toda a época estival ouviram-se relatos de empresários acerca da menor afluência a bares e restaurantes, curiosamente todos estes de baixa qualidade. Contudo acho isto um facto positivo, pois quem não inova não tem espaço num mercado terciário cada vez mais competitivo como é o caparicano. Quem não tem qualidade, está condenado ao fracasso.



Exemplificativo é o facto do Hotel da Costa de Caparica ter tido um acréscimo significativo da taxa de ocupação, fruto não só de uma campanha de marketing com forte aposta em novos mercados - em especial internacionais - mas também da inserção da Praia do Sol em alguns roteiros turísticos nacionais. Quanto aos restantes estabelecimentos hoteleiros, nota-se em geral uma reduzida qualidade que obras ocasionais e de remedeio não conseguiram disfarçar. Quem olhar para o Caparica Oceano vê hoje em dia um edifício degradado e onde turistas com padrões médios de qualidade não se dispõem a ficar.

Voltou o sossego, mas é hora de deitar contas à vida e pensar no que correu bem e mal. A aposta na qualidade vislumbra-se, mas é preciso dar continuidade e prosseguir com o Polis. Sem uma revolução na frente ribeirinha, é impossível fazer muito melhor. Mas restauração, hoteis, comércio e serviços em geral têm um papel fulcral no actual e futuro desenvolvimento turístico da Costa.

segunda-feira, setembro 25, 2006

A IURD NA CAPARICA

A Igreja Universal do Reino de Deus está espalhada pelos 4 cantos do Mundo. O Bispo Edir Macedo, alter ego desta máquina de fazer dinheiro, construiu um império da fé que é actualmente um dos maiores grupos económicos do Brasil. Nos últimos anos a sua presença tem-se disseminado fortemente em Portugal, em particular com a utilização de diferentes namings visando a renovação da imagem da igreja, grandemente abalada pelos escândalos do passado.


Um desses namings, o "Centro de Ajuda Espiritual", tornou-se o mais recente sorvedouro de dinheiro desta máfia em Portugal e, como não podia deixar de ser em cidade luso-brasileira, a Costa de Caparica tem a sua própria filial. Portugueses, africanos e brasileiros são induzidos em erro por meias-verdades retiradas da bíblia, em "reuniões da fé" onde se adultera meticulosamente a mente das pessoas através de uma k7 que visa um objectivo último (e único) - o dízimo e as ofertas.

Com efeito, a IURD sobrevive na opulência graças à obrigação imposta aos seus fieis de oferecerem 10% de todo o dinheiro que tiverem à igreja, numa ultrajante subversão dos escritos da bíblia onde o dízimo significava apenas alimentos para os pobres. Como se não bastasse, são ainda pedidas pelo respectivo pastor, no final de cada sessão, ofertas em dinheiro.

Este post foge um pouco à temática do blog mas não queria deixar passar a oportunidade para denunciar estes vilões actuantes em força na Costa, roubando um pouco da nossa riqueza e votando centenas de caparicanos às ilusões de um bando de (im)Pastores bem falantes, a troco de muito dinheiro.

Não precisamos disto na Costa de Caparica.


quinta-feira, setembro 21, 2006

VOLTA "PSEUDO" GASTRONÓMICA DA COSTA DE CAPARICA




A Volta Gastronómica da Costa de Caparica, evento englobado na Semana da Mobilidade e com a colaboração da Junta de Freguesia e restaurantes aderentes (mais de 30 de acordo com a organização), antevia-se uma boa ideia e insere-se na lógica do concurso das caldeiradas, atraíndo visitantes numa altura em que eles começam a escassear - fruto da gritante sazonalidade turística que se assiste na Costa.

Hoje tentei auscultar esta volta e procurar nos restaurantes aderentes as propaladas iguarias caparicanas trazidas aos menús com esta Volta. O que encontrei ? Nada ! Absolutamente nada, não existiram quaisquer novidades em relação a um outro dia qualquer. Tendo perguntado a um empregado de um dos mais afamados restaurantes do Centro da Costa quais os pratos introduzidos no menu, este afirmou-me "Está tudo praticamente na mesma..".

Esta reacção é paradigmática e, decerto, traduz o insucesso desta Volta Gastronómica e de toda a semana da mobilidade em geral - propaganda e folclore q.b., sensibilização para as questões da mobilidade nulas. Muitas ideias, pouca acção.

E amanhã teremos o Dia Europeu sem Carros, mais uma acção de fachada onde se irão cortar ao trânsito automóvel 4 ruas e uma praça, utilizadas exclusivamente por algumas dezenas de moradores locais e que em nada irá interferir com o trânsito normal na Costa de Caparica. Acresce ainda o facto do pavimento destas vias ser em paralelipípedo, com reduzidas condições de circulação para transportes alternativos.



Circo para o povo, já que o pão pelos vistos foi inventado. Volta Gastronómica fantasma, Semana da Mobilidade circense.

quarta-feira, setembro 20, 2006

AS DIFICULDADES DE VENDA DA ALDEIA DOS CAPUCHOS


Entre notícias referentes ao Interesse Nacional da nova Aldeia dos Capuchos, descobri algo de0 que já à muito suspeitava tendo em conta a conjuntura difícil no mercado imobiliário, inclusive nas suas gamas mais elevadas.

Com efeito, o Vereador da CM Almada António Matos descoseu-se e admitiu que o empreendimento “está condicionado pela venda de casas”, que “não tem sido a esperada”. O Promotor do projecto veio a terreiro emendar e dizer que tudo corria às mil maravilhas, discorrendo a k7 habitual da importância do projecto por ser um marco para o Concelho, reconhecimento público da qualidade do mesmo, honra para o município, baixa densidade, vista para o mar, etc. De acessibilidades não fala ele..

Mas vamos aos números. O metro quadrado dos fogos custa em média 2500€. Assim sendo, um fogo com 100m2 custará a módica quantia de 50.000 contos; E com 200m2, 100.000 ! Não são assim de espantar as dificuldades para vender este elefante branco, construído numa vertente sedimentar onde nunca seria razoável urbanizar, muito menos com esta "baixa" densidade (baixa, tendo por comparação Manhattan ou o centro de Tóquio).

Espantosa é a afirmação do promotor, ao indicar que não avança prazos para a conclusão dos empreendimentos, uma vez que “as condições do mercado irão acelerar ou travar a sua conclusão”. Quem ali comprou uma casa deve estar decerto de cabelos em pé. O facto é que existem demasiados fogos no mercado da Grande Lisboa e, se depender disto, teremos nos Capuchos o que actualmente se assiste em Santo António - novas urbanizações sem comprador.

Ficaremos à espera então que as 3000 pessoas esperadas no Aldeamento se disponham a abrir os cordões à bolsa e encher de felicidade a empresa Cantial (responsável pelo projecto) e salvar a face à Câmara Municipal de Almada, tão orgulhosa que está deste PIN. Ou então, que tenhamos muito menos habitantes e se reformule o projecto, adequando-o à realidade do sítio com uma densidade apropriada.

terça-feira, setembro 19, 2006

ONDAPARQUE INTERMINAVELMENTE AO ABANDONO



Degradado, abandonado, imundo e feio. É assim este outrora Parque Aquático, actualmente transformado em pasto para cabras, pista e rampa de bicicletas todo o terreno e cenário de guerra para paintball. Há quem fale em local de abandono de carros roubados e prostituição, embora a informação careça de fundamento. Como se não bastassem as barracas nas Terras da Costa, aqui está outro postal para oferecer aos turistas - o cenário de um equipamento de lazer desactivado, o qual nunca deveria ter funcionado sem reunir condições mínimas de qualidade e segurança (o motivo do seu encerramento).

Vamos aos factos. A propriedade é privada e o dono, talvez à espera das mais valias geradas pela vizinha e sumptuosa Aldeia dos Capuchos, mantém o terreno expectante e não aceita vender ou alterar minimamente a situação. Prevista no PDM de Almada como área destinada a equipamentos de lazer, não se antevê a curto-médio prazo solução para este espaço localizado na Quinta de Brielas, freguesia do Monte da Caparica. É fundamental a reconversão deste espaço em consonância com uma lógica de sustentabilidade que deve marcar o futuro da cidade. De que vale termos palmeiras, flores e relva na principal entrada da cidade, se ao mesmo tempo coexistem um bairro da lata e um parque aquático desactivado. Uma coisa é certa, quem nos governa preocupa-se de menos com a Costa de Caparica.


O interesse público está consagrado na Constituição portuguesa e nenhum privado deve prejudicar com a sua acção ou inacção o interesse de todos nós. Neste caso, a imagem da Costa é severamente prejudicada pelo Ondaparque, acrescendo o facto de a dita "Quinta" se encontrar sem vedação e à mercê de quem ali queira entrar. Tudo fica na mesma, ninguém faz nada. O Polis não avança, o Bairro do Campo da Bola continua de pé, a edificação clandestina nas Terras da Costa aumenta, os restaurantes e bares nas dunas mantêm-se, o trânsito continua caótico, o mercado é o mesmo, a feira dos ciganos/paquistaneses não sai dali, a praia desaparece...

Os problemas são sempre os mesmos, vão-se agravando e ninguém mexe uma palha para os resolver. O Costa Polis revelou-se um fiasco e motivo de chacota pelo país inteiro, enquanto os restantes Polis estão concluídos ou em vias de conclusão. A Câmara de Almada deixa esta cidade à beira-mar plantada votada ao abandono. A Junta de Freguesia tem reduzida margem de manobra. Os interesses privados são mais que muitos. Tudo isto entronca numa realidade da qual o Ondaparque é exemplificativo.

Desde 1996 que está desactivado. 10 anos se passaram e nada mudou.

domingo, setembro 17, 2006

CICLOVIAS E MOBILIDADE

A semana da mobilidade começou e as actividades multiplicaram-se. Alguma animação, ideias interessantes e entretenimento foram o ponto de ordem neste fim-de-semana. Quanto ao objectivo desta semana - o uso de transportes amigos do ambiente e, especialmente, a não utilização do carro - pouco foi feito.


Existe actualmente uma ciclovia de 3km entre Stº Antº da Caparica, Sº João da Caparica e Costa da Caparica. Insuficiente, claramente insuficiente. E a sua utilização é praticamente nula, tal como a ciclovia do Parque da Paz. As infra-estruturas no Concelho de Almada começam a aparecer mas a adesão às mesmas é escassa, facto passível de reflexão séria. A ciclovia deve ser entendida como uma infra-estrutura integrada e interligada em rede, de forma suficientemente ampla para que valha realmente a pena deixar o carro em casa.


A Costa de Caparica apresenta uma situação geográfica óptima para a concretização de um Plano de Mobilidade centrado nas ciclovias, em articulação com os meios de transporte público locais. Mas andamos todos tão preocupados com os avanços e recuos do Polis, que nos despreocupamos de tudo o resto. A Mobilidade é uma questão premente para a Costa de Caparica e todo o seu desenvolvimento é actualmente constrangido pelo estacionamento caótico, congestionamento das vias rodoviárias e insuficiente oferta de transportes públicos de qualidade e a baixo preço. E a solução NUNCA passará pela construção de mais estradas, tal como pretendem fazer nas Terras da Costa, ligando a Estrada Florestal de acesso às praias Sul à Via Rápida.
Pretexto para urbanizar terrenos agrícolas ? Provavelmente. Solução para alguma coisa ? Não. Precisamos de ciclovias e meios de transporte alternativos públicos, acessíveis e baratos.

sexta-feira, setembro 15, 2006

SEMANA DA MOBILIDADE NA COSTA DE CAPARICA



Este ano a Câmara Municipal de Almada decidiu comemorar a Semana da Mobilidade e o Dia Europeu sem carros na cidade da Costa de Caparica, o expoente máximo do Concelho a este respeito - pela negativa.

O cartaz e o programa das actividades encontra-se aqui, salientando-se as inúmeras actividades musicais, desportivas, artes, gastronómicas, etc. que se desenrolarão. De facto, tudo isto parece bastante interessante e pertinente, mas porque razão não se lembram de programar tanta animação nos meses de Verão, onde a oferta deste tipo de actividades é paupérrima (salvando-se a Feira do Artesanato..)

No que à mobilidade diz respeito, esta semana de actividades será uma autêntica farsa.





Como podem ver pelo mapa, no Dia Europeu sem Carros serão fechadas uma Praça e 4 ruas meramente locais, apenas utilizadas pelos moradores daquelas vias. Assim sendo, não se irá sensibilizar ninguém (todos continuarão a usar o carro da mesma forma) e apenas se irá chatear os pobres moradores do Bairro dos Pescadores e arredores que vão ter que andar a pé na 6ªfeira ou estacionar um pouco mais longe de casa. É pão e circo (animação cultural e gastronómica) para os caparicanos, escamoteando-se os constantes congestionamentos de tráfego e o estacionamento caótico na época estival. Soluções viáveis nenhumas, apenas boas intenções.




Se queriam sensibilizar verdadeiramente a população para estas questões deveriam fechar ao trânsito ruas verdadeiramente utilizadas por todos aqueles que poderiam e deveriam trocar o automóvel por outro qualquer meio de transporte, especialmente nos pequenos trajectos. E esta semana seria também a altura ideal para inaugurar uma qualquer ciclovia, coisa que espantosamente não existe numa cidade turística e completamente plana, ideal para este tipo de infra-estrutura.

Deitem os foguetes e apanhem as canas que no próximo ano estaremos cá todos para assistir a mais um Verão de pandemónio nas nossas estradas e passeios. Sem ciclovias, mas com as fotografias de uma semana de paródia à mobilidade.

quarta-feira, setembro 13, 2006

FORMAÇÃO NO ÂMBITO DO POLIS DA CAPARICA

Como prometido, aqui vai o scan de um anúncio publicitário às formações financiadas pela União Europeia no âmbito do Polis. São grátis, da responsabilidade da ETIC e ministradas em Almada. As restantes informações estão na imagem (clique para aumentar).




terça-feira, setembro 12, 2006

ALDEIA DOS CAPUCHOS, O NOVO PROJECTO DE INTERESSE NACIONAL

Há uns dias comparei o Projecto da Aldeia dos Capuchos aos PIN ( Projectos de Interesse Nacional) que têm surgido um pouco por todo o país e subvertido as condicionantes e planos existentes para o território de forma a possibilitar a sua concretização. Pois bem, ontem mesmo a empresa Cantial, responsável pelo projecto, anunciou pomposamente que a Aldeia dos Capuchos é o mais recente PIN deste país.

"A candidatura a PIN — Projecto de Potencial Interesse Nacional — da "Aldeia dos Capuchos" foi aprovada através da votação de representantes de várias entidades, coordenadas pela API, entre as quais a Direcção-geral da Empresa, a Direcção-Geral do Turismo, a Direcção-Geral de Ordenamento do Território e Desenvolvimento Urbano, bem como o Instituto do Ambiente e o Instituto da Conservação da Natureza", refere a mesma fonte.
O presidente da Cantial, Vítor Costa, vê na atribuição deste estatuto à "Aldeia dos Capuchos" mais uma "prova do reconhecimento público da elevada qualidade de todo o empreendimento e do seu carácter inovador, que o tornam num verdadeiro marco para o sector".

A ‘’Aldeia dos Capuchos’’ representa um investimento superior a 250 milhões de euros e estende-se por 30 hectares aos areais da Costa da Caparica, dos quais 10 são áreas verdes, com uma área total de construção de apenas 150 mil metros quadrados.
A àrea reservada a 100 moradias prevê uma baixa densidade de ocupação, com lotes entre os 700 e os 1.000 metros quadrados e área de construção limitada a 350 metros quadrados.


"Apenas 150.000 metros quadrados" de construção ??? São 15 campos de futebol de construção, numa área sensível composta por rochas sedimentares e situada no limite da arriba (ridículo o termo areais da Costa de Caparica, mas é o jornalismo a que estamos habituados). É referida ainda a baixa densidade de ocupação das 100 moradias previstas no projecto. Então e não falam nos 300 apartamentos do Hotel Apartamento ? Ou nos restantes blocos de apartamentos ali construídos, que porventura serão mais algumas centenas a acrescentar...


Em suma, quem não conhecer minimamente o local fica com uma ideia paradisíaca da Aldeia dos Capuchos quando, como já fiz referência nos restantes posts, este projecto apresenta bastantes debilidades: densidade urbanística elevadíssima, instabilidade dos terrenos e maus acessos.

O facto de este Aldeamento ser destinado aos estratos mais ricos da sociedade e poder eventualmente gerar muitas divisas, não deve ser desculpa para que tudo se construa e tudo se faça. Veremos em que medida esta classificação irá influenciar o Projecto, mas digo e reafirmo: o Projecto da Aldeia dos Capuchos é megalómano. Veremos até que ponto.

domingo, setembro 10, 2006

A SUBIDA DO NÍVEL MÉDIO DO MAR

A subida do nível do mar é um assunto incontornável em cidades como a Costa de Caparica onde o recuo da linha da linha de Costa se faz sentir com cada vez mais intensidade. Como já aqui fiz referência, os nossos decision makers, após décadas de erros, continuam a aplicar o seu modelo de (sub) desenvolvimento como se este problema fosse ficção. Pois bem, um novo estudo referente à subida do nível do mar em Portugal e Espanha, concluíu o seguinte:

O estudo realizado por especialistas da Universidade de Cantábria para o Ministério do Ambiente espanhol aponta para que o aumento do nível do mar faça desaparecer, em média, 15 metros de areal nas praias do país vizinho nos próximos 45 anos.Desde o ano 2000 têm sido feitos estudos em Portugal sobre o efeito das alterações climáticas na costa portuguesa. Os resultados foram semelhantes aos agora revelados para Espanha.O nível das águas do mar está a subir devido ao degelo dos glaciares e ao aumento da temperatura que faz dilatar a camada superficial dos oceanos.Os especialistas dizem que vai continuar a haver um recuo das praias na costa da Península Ibérica. Perante o avanço do mar, a solução é uma menor pressão humana na orla costeira.Uma das medidas recomendadas é a redução da quantidade de construções em zonas costeiras, através do cumprimento da lei de costas espanhola que impede a construção nos primeiros cem metros do litoral.Por isso, o documento da Universidade de Cantábria recomenda que seja introduzido o factor das alterações climáticas no planeamento e ordenamento do território.

Os efeitos do aquecimento global, mudanças climáticas e degelo dos glaciares são relativamente imprevisíveis e de dúbia interpretação. Contudo, é inegável que o recuo da linha de Costa está intrínsecamente ligado, pelo menos parcialmente, a estes factores. E perante este quadro, que se fez na Costa ? Construíu-se desenfreadamente junto ao Mar, retirou-se daqui areia para um sem número de obras (incluíndo as obras no cais de recreio do Parque das Nações - um autêntico crime!) e continua o areal sujeito a uma pressão intensíssima, com milhares de pessoas e veículos diariamente na época estival a desgastar este nosso precioso recurso.

Se a isto acrescentarmos a retenção de sedimentos nas barragens do Tejo e as dragagens no Porto de Lisboa, temos uma combinação cujos resultados são o desaparecimento total de praias e o risco cada vez maior para população e bens materiais. A ameaça é real, os efeitos poderão ser devastadores. Que de uma vez por todas os erros do passado não sejam repetidos e a construção desenfreada das últimas décadas dê lugar a um correcto planeamento e gestão da nossa linha de Costa, em conformidade com o Plano de Ordenamento da Orla Costeira Sintra-Sado.

O INAG, entidade responsável pelas Obras de Reparação das Estruturas de Defesa Costeira da Costa de Caparica e da Cova do Vapor, aponta a recarga artificial das praias e a reparação dos esporões como a solução milagrosa que irá defender a Costa para a eternidade de toda esta conjuntura que ameaça seriamente o futuro desta cidade. Pelo que vejo de facto, parece-me tudo mal pleaneado e claramente insuficiente para conter o avanço do Mar. As consequências são imprevisíveis...

sábado, setembro 09, 2006

FORMAÇÃO PARA COMPLEMENTAR O POLIS DA COSTA DE CAPARICA

Finalmente uma boa notícia! O âmbito estritamente físico do Polis será complementado por esta acção da ArribaTejo, a qual incidirá sobre a baixa qualificação dos nossos recursos humanos - sem dúvida um entrave ao desenvolvimento turístico.

Consistindo em acções de formação a decorrer entre Outubro de 2006 e Dezembro de 2007, este programa de formação resulta da candidatura do município de Almada a uma medida do Programa Operacional da Região de Lisboa e Vale do Tejo. Com “um custo global de 500 mil euros”, o projecto é financiado pelo Fundo Social Europeu e pela Segurança Social e irá contemplar cerca de 300 formandos que serão abrangidos nas mais de 5000 horas de formação, avança Fernanda Marques. Embora abertas a qualquer trabalhador ou residente no concelho de Almada, as 24 acções de formação, de curta, média e longa duração, destinam-se sobretudo a “empregados em determinados sectores de actividade, desempregados e jovens à procura do primeiro emprego”. As acções organizam-se em quatro eixos.

O primeiro eixo, sobretudo para desempregados e jovens à procura do primeiro emprego, é o do empreendedorismo e serviços de proximidade, no fundo, “áreas de apoio às empresas de restauração, turismo e recreio”, como a montagem e manutenção de sistemas eléctricos ou a floricultura e jardinagem.

O segundo eixo, direccionado a um grupo com formação a partir do 9º ano, prende-se com a valorização do património e desenvolvimento do turismo, como a formação em animação turística ou em nadador salvador. Os restantes dois eixos são direccionados a activos do comércio tradicional e da restauração e visam “qualificar os serviços já existentes”. Aqui incluem-se acções de formação como as de atendimento e venda na loja ou as de cozinha.

As acções de formação resultam de uma parceria entre a autarquia almadense, a ArribaTejo e diversas entidades formadoras e entidades que integram os formandos em estágios e na vida activa. Vão decorrer em vários locais do concelho, desde equipamentos municipais, instituições da Misericórdia, Escola Profissional de Almada ou Centro de Lazer de São João da Caparica. O objectivo da iniciativa é “contribuir para o desenvolvimento da zona da Costa de Caparica”.


Quando tiver mais informações acerca deste assunto, colocarei por aqui. Fiquem atentos. É de saudar a acção das Agencias de Desenvolvimento Local, nomeadamente a ArribaTejo. Que mais como esta surjam.

sexta-feira, setembro 08, 2006

AS FEIRAS E O PARQUE DE "DIVERÇÃO"

Em cima podem observar um cartaz colocado na Costa para publicitar um Parque de diversão com insufláveis situado ao lado da INATEL. Saltam à vista os erros incrivelmente ali presentes em tão poucas linhas de texto:

Diverção = Diversão. Inatelandia = Inatelândia. Insuflaveis - Insufláveis. ... das 15 ás 23h - ...das 15 às 23h. 4 erros num só cartaz, é obra!

Numa primeira abordagem esta descoberta afigura-se boçal e insignificante, mas eu retiro daqui algumas ilações. Na verdade, tudo isto demonstra a pouca ou nenhuma qualificação dos empresários que operam na Costa para fazer face aos desafios actuais e serem competitivos num cada vez mais exigente mercado turístico. Quem é tão desleixado num cartaz publicitário, decerto poderá ser desleixado no seu Parque de Diversões e colocar em perigo as crianças que o frequentem.

Existem níveis mínimos de qualidade, e quem autoriza ou nega o licenciamento destes parques deve estar mais atento no futuro. Como em relação à Feira Popular que todos os anos se realiza no recinto do campo de futebol dos Pescadores da Costa de Caparica e que, além da má vizinhança que frequenta aquele espaço, com pancadaria, brigas e assaltos frequentes, apresenta um conjunto de divertimentos de fraquíssima qualidade e que nada acrescentam à oferta de atractivos na Costa.

Como bom exemplo, a Feira de Artesanato, espaço multicultural, seguro, bem concebido e de qualidade. Assim se quer a nossa cidade.

P.S. - Créditos ao blog www.absolutamente.blogs.sapo.pt pela 1ª foto.

quarta-feira, setembro 06, 2006

A ALDEIA DOS CAPUCHOS: UM PROJECTO DE QUALIDADE MAL PENSADO

Apesar do post anterior reflectir um pouco a minha desconfiança em relação a este projecto, queria ressalvar que considero a Aldeia dos Capuchos um empreendimento de qualidade. É direccionada para o segmento com elevado poder de compra do mercado turístico, as infra-estruturas serão óptimas, a vista é magnífica e irá dotar a Costa de mais um Hotel de 4 estrelas. De pensões e residenciais de 1 e 2 estrelas já está a Costa cheia, reflexo de uma anterior aposta turística que deu o que tinha a dar - com péssimos resultados.

Não obstante as mais valias introduzidas por este projecto, considero que existem alguns exageros: demasiados apartamentos, demasiada construção, em 30 hectares de terreno quiz-se construír tudo e mais alguma coisa, o Hotel Apartamento será gigantesco - 300 quartos - e apenas 1 terço da área de implantação é preenchida por espaços verdes (será que incluem o campo de golf nesta contabilidade?).

Já agora, alguém se preocupou com a acessibilidade daquela área à cidade da Costa, afinal o grande chamariz do empreendimento ? Durante o Verão as filas nos semáforos são no mínimo enervantes. A vista que é tão propagandeada como valendo "o dinheiro pago pelas habitações" parece-me que será só para alguns, pois alguns blocos de apartamentos e moradias se encontram encobertos.


Esperemos que, agora que o projecto está em vias de conclusão, a Aldeia dos Capuchos seja um sucesso e possibilite um salto qualitativo da Costa de Caparica em termos de receitas turísticas e reconhecimento da cidade enquanto destino balnear de excelência. E que tudo o que aqui critico não se venha a verificar no terreno, embora mantenha bastantes reservas. E que a estabilidade da vertente esteja assegurada. Com quase 2 anos de obras só para terraplanagens, é possível...

terça-feira, setembro 05, 2006

ALDEIA DOS CAPUCHOS: MEGALOMANIA URBANÍSTICA EM PLENA ARRIBA

A cidade da Costa de Caparica possui hoje pouca ou nenhuma área de expansão (à excepção das Terras da Costa, por agora salvaguardadas), sendo que actualmente as novas construções ocupam habitualmente reduzida área de implantação. É neste sentido que a fúria betonizadora se tem direccionado, actualmente, para os arrabaldes da cidade, como é exemplificativa a megalómana Aldeia dos Capuchos.

Localizada em plena Arriba e mesmo ao lado da Via Rápida, numa área já anteriormente esventrada por outras construções - OndaParque, Via Rápida propriamente dita e a interminável expansão da povoação do Funchalinho -, a Aldeia dos Capuchos ocupa uma área de 30 (!!!) Hectares de terreno, completamente moldado ao gosto dos arquitectos e empreiteiros responsáveis.

Com efeito, a terraplanagem do Aldeamento deve ser responsável por metade da fortuna que cada um dos abastados futuros habitantes terá que desembolsar por um imóvel neste local, o qual terá moradias, apartamentos, um campo de golfe de 9 buracos, um circuito de manutenção, um clubhouse com health club/spa, restaurante, salão de festas e auditórios para conferências, um country club com piscina, bar, polidesportivo com academia de ténis e futebol de sete e um hotel apartamento. Não serão coisas a mais ?

Os moradores deste luxuoso condomínio fechado terão ainda ao seu dispor cofres com segredo, video-porteiro, estores eléctricos, portas de alta segurança em madeira de carvalho com seguro anti-intrusão por roubo, uma central PowerMax com capacidade para controlar até 30 detectores e um detector de movimento, tudo para que os habitantes da Aldeia dos Capuchos se mantenham a salvo da gente das barracas das Terras da Costa que pelos vistos subsiste a escassos metros deste Aldeamento de luxo.


Apesar da reconhecida qualidade do empreendimento, a sua dimensão é deveras questionável, especialmente se pensarmos que se trata de uma área sensível e de cariz sedimentar onde nunca se deveria ter permitido tanta e tão densificada construção. Isto lembra-me a história do Sócrates e dos PIN - projectos de interesse nacional. Desde que seja direccionado à alta sociedade e traga dinheiro, vale tudo para construír. Resta-me questionar, a que preço ?

domingo, setembro 03, 2006

AS TRAPALHADAS DO COSTAPOLIS



A notícia de hoje do correio da manhã intitulada Polis à bruta na Caparica, revela a barafunda que é este programa na Caparica, "o maior do género do País ao abranger uma área de 650 hectares e um investimento directo de 85 milhões de euros."

Após 1001 desventuras para finalmente se começarem as obras, continua a polémica no primeiro Plano de Pormenor a ser iniciado - Jardim Urbano (Mata de Santo António).

"Maria José Silva e José Duarte residem no parque, onde exploram uma espécie de quinta pedagógica, muito ao gosto dos mais novos. O casal corre o risco de ficar ‘entaipado’, ou seja, dentro do estaleiro da obra. “Recebemos uma carta da Junta de Freguesia da Costa de Caparica a informar-nos que devíamos sair daqui no prazo de 30 dias. Mas sair daqui para onde? E como podem 30 dias, prazo que nem sequer foi esgotado, bastar para tirar tudo o que aqui temos e os animais?” É o que pergunta Maria José, de 51 anos, que ali trabalha há oito.

“Eu não sou contra o Polis. É claro que a Costa precisa de modernizar-se, mas eu preciso de um sítio onde possa continuar a trabalhar.” Foi o que Maria José disse a Maria Emília Sousa, presidente da Câmara de Almada, que lhe respondeu ser aquele um problema a resolver pela Junta de Freguesia da Costa de Caparica, proprietária do terreno. O presidente da Junta, António Neves, garante não dispor esta de qualquer área para cedência, remetendo a solução do problema para a CostaPolis, que diz não ser competência sua realojar, mas apenas construir."


Então o que temos aqui é um contrato de arrendamento que cessará com vista ao novo projecto para a Mata de Santo António. Não sendo jurista, não vejo em que medida 8 anos de arrendamento possam dar direito a realojamento ou transladação da Quinta para outro sítio qualquer às custas do herário público. No entanto, o que salta à vista neste caso é a completa ausência de diálogo entre Costa Polis, Junta de Freguesia e Câmara Municipal de Almada, numa autêntica birra de crianças onde se delegam responsabilidades uns aos outros. Contudo, este caso mostra muito mais que isto. Mostra o que está para vir com os complexíssimos casos existentes nos restantes Planos de Pormenor, e que irão decerto fazer correr muita tinta..

Quanto às obras propriamente ditas, foram paradas porque aparentemente "não existia qualquer aviso acerca do encerramento" do Parque Urbano da Mata de Santo António/ Ninho. Mais uma vez o CostaPolis parado, mais uma vez exibida a incompetência de quem é responsável pelo Programa.

Orçamentado em 85 milhões de euros, chegamos ao final do prazo e apenas temos um painel completamente enferrujado numa rotunda a indicar quanto tempo falta para terminar. Já terminou, e não se viu rigorosamente nada. Muita parra e pouca ou nenhuma uva.

sábado, setembro 02, 2006

POLIS: O REALOJAMENTO NA MATA DE SANTO ANTÓNIO






Após algum tempo sem me debruçar sobre o assunto, volto a falar acerca do CostaPolis.

Finalmente se vê alguma luz ao fundo do túnel para este projecto que, por esta altura, já deveria estar concluído. Demolido o bairro de lata da Mata de Santo António (apesar de surgir outro do mesmo género a escassas centenas de metros (CLIQUE)), procede-se actualmente à expulsão dos últimos resistentes deste local. O parque dos baloiços/quinta pedagógica é o que falta e, para não variar, foi acompanhado de alguma resistência por parte dos seus donos que exigem "realojamento", o qual obviamente não será dado num espaço arrendado à Junta há apenas 8 anos.

Adiante, em relação ao Polis o que mais intriga os caparicanos é o realojamento dos habitantes das barracas ali anteriormente existentes. E aqui temos duas situações: o Senhor Presidente da Junta pretende que habitem ali jovens casais da Costa, resta saber em que moldes, apesar de me parecer uma ideia algo rebuscada e, até ver, apenas uma ideia. A Câmara Municipal de Almada, essa está decidida - 144 fogos junto à praia e com todas as mais valias inerentes ao Polis, aos pobres habitantes que ali construíram a sua barraquinha quebrando todas as leis e direitos. O crime compensa.

De acordo com a notícia hoje saída no JN (CLIQUE) , os elementos da Comissão de Amigos e Moradores da Mata de Santo António estão "receosos que a Câmara de Almada utilize este início de obras como pretexto para avançar com a construção da habitação social".
Rui Jorge Martins, vereador da Habitação Social na autarquia, esclarece que "os 144 fogos, que correspondem ao levantamento feito no âmbito do Plano Especial de Realojamento, são uma intervenção mais complexa que envolve a Câmara e o Instituto Nacional de Habitação". O processo está no início, diz, recusando-se a avançar datas para o início da construção.
No site do CostaPolis, adianta-se o seguinte: "A estratégia de intervenção inclui uma sequência de realojamento das famílias residentes no local, o que irá permitir a limpeza e reconstrução da área de intervenção, nomeadamente o realojamento através do P.E.R/C.M.Almada da área de habitação expontânea localizada dentro da área de intervenção do Plano de Pormenor."

Por enquanto só avançarão as obras do Jardim Urbano, ficando adiada a construção dos fogos destinados ao imbecil realojamento a quem não de direito. Esperemos que a ideia se perca, e se destine toda aquela área a equipamentos de lazer e espaços verdes, do qual a Costa se apresenta depauperada.

Bairros Sociais à beira-mar numa cidade que se quer turística ? Eu digo Não.

sexta-feira, setembro 01, 2006

CAPARICA À BRASILEIRA IV

Aqui ficam os dois últimos scans da já anteriormente referida Reportagem da Revista do Expresso, e que relatam histórias de vida de alguns brasileiros aqui da Costa. Histórias de relativo sucesso, embora muitas existam de insucesso. Uma comunidade que, como muitas outras, vem em busca do el dorado na Europa e se depara com um cenário bem mais complicado. Cliquem nas imagens para uma melhor visualização.