quinta-feira, agosto 31, 2006

A SAGA DOS VENDEDORES AMBULANTES NA CAPARICA





Na Costa de Caparica tudo se vende e tudo se compra na rua, é só escolher.

Continuam os paquistaneses a vender flores na noite caparicana, os vendedores de gelados e bolos na praia (um pequeno aparte, não consigo deixar de esboçar um sorriso sempre que observo o brasileiro que vende pão de queijo - "chamou ? eu vou aí ! é só chamar que eu vou!!"), e os ciganos e peruanos que vendem quinquilharias, roupas, cds e dvds.

Apesar da diversidade, gostaria de me centrar nestes dois últimos. E porquê ? Pelas condições em que exercem a sua actividade, em especial na Rua dos Pescadores, a Rua mais nobre da Costa. Os peruanos centram-se sobretudo nas quinquilharias e roupas, acrescentando ao seu ramo de negócio a venda de cds, para o qual imitam as danças tradicionais peruanas (?), num playback completamente abjecto e ao qual quem por lá passa tem de gramar sem direito a escolha. Os ciganos, cada vez mais substituídos pelas lojas paquistanesas e bangladeshianas, têm-se restrito a alguma venda de roupa ou, como é ainda costume ver-se, de DVDs contrafeitos.


Feita esta sucinta descrição - muito mais haveria a dizer - queria questionar o poder local e municipal sobre o porquê de existir este comércio de rua, sem quaisquer condições de qualidade ou sequer salubridade. Lembro-me desde sempre de ver os ciganos a correr desalmados com as tralhas no lençol de cada vez que a polícia passava. Este ano, vejo este negócio a acontecer com toda a calma do Mundo.
Não haverá o mínimo de rigor na atribuição de licenças ao comércio ambulante ? Ou está tudo ilegal e os polícias evitam passar pela Rua dos Pescadores para não se chatearem ?

Uma última nota aos vendedores de fruta no final da Rua dos pescadores (normalmente ao fim-de-semana), junto à praia. A fruta vende-se em frutarias com condições mínima de higiene e protecção do sol! E ainda falta a venda ambulante de marisco...mas essa de tão arrepiante que é, será discutida num futuro post.

quarta-feira, agosto 30, 2006

CAPARICA À BRASILEIRA III

Após algumas diligências, finalmente consegui disponibilizar aqui neste espaço a reportagem da Revista do Expresso referente à temática dos brasileiros a residir na Costa de Caparica, os quais totalizam já mais de 1/3 da população total. Cliquem nas imagens para uma melhor visualização.
Créditos ao leitor Diogo Ferreira, que gentilmente me enviou o artigo.























Uma reportagem interessantíssima para todos aqueles que vivem e conhecem a Costa de Caparica - cada vez mais um fenómeno de mistura de povos e de culturas. Não só a portuguesa e a brasileira, mas também a africana, asiática e de leste.

A verdade é que se não fossem os brasileiros, a Costa seria ainda mais vincadamente um dormitório de Lisboa. De Verão, a coisa disfarça. De Inverno, o cenário é desolador. As casas que não são vendidas ou arrendadas, são invariavelmente ocupadas por brasileiros, que preenchem ainda as vagas no comércio, hotelaria, restauração e serviços vários.

"Ás portas da capital, com praia e sol, a Costa de Caparica transformou-se numa espécie de mini-Brasil e é lá que está uma das maiores comunidades de brasileiros em Portugal."

terça-feira, agosto 29, 2006

MAIS UM MONSTRO URBANÍSTICO NA COSTA DE CAPARICA

Quem actualmente atravessa a Rua dos Pescadores em direcção às praias, depara-se no final do trajecto com um enormíssimo prédio em construção. A vista, essa, fica tapada, o que já vai sendo habitual na Costa pois parece que ninguém aprendeu com os atentados urbanísticos espalhados um pouco por toda a freguesia, do qual a Torre das Argolas constitui o expoente máximo.

Mas vamos aos factos. Neste terreno agora em construção existia uma vivenda que aos poucos se foi degradando. A pressão imobiliária e os euros decerto foram mais fortes, e assim nasce este novo edifício. Então vejamos o que irá ser mais este monstro urbanístico na Costa..


De facto, o que a Costa mais precisava era de edifícios de habitação. Só para informar os mais incautos, os mais recentemente construídos prédios de habitação (ex: Quinta de Santo António, junto ao cemitério; em frente aos Bombeiros) têm tido extrema dificuldade em ser vendidos. Isto para não falar nas dezenas de casas à venda um pouco por toda a freguesia e que teimam em não encontrar novo proprietário.

Garagens ? Eu não faço ideia onde se propõem a colocar os acessos às garagens, no caos que é aquela estrada de Verão. Já para não falar nos intermináveis lençois de água existentes em praticamente todo o subsolo da cidade..mesmo que se consiga ultrapassar esse pequeno pormenor, decerto saiu cara toda esta brincadeira.

Lojas e espaços comerciais ? Se se seguir o exemplo do centro comercial mesmo ali ao lado, serão mais lojas para a comunidade asiática (Paquistão e Bangladesh, sobretudo) onde dezenas de lojistas vendem exactamente as mesmas coisas (Made in China, quinquilharias, contrafacção, etc.) em espaços decalcados uns dos outros. Já para não falar no aparthotel Caparica Oceano localizado nos pisos de cima, mais uma área de alojamento turístico a baixo custo...

Em suma, décadas a fio de más políticas urbanísticas parece que não serviram para nada. Mantém-se a lógica de construír o mais possível, e preferencialmente em altura. Os caparicanos, esses, ficam votados à visão dos prédios e da betonização, agora também em plena Rua dos Pescadores.

Enquanto em Viana do Castelo se tenta demolir, na Costa de Caparica constroiem-se mais. Triste sina a nossa...

domingo, agosto 27, 2006

A SUCATA DE AUTOMÓVEIS NAS TERRAS DA COSTA


A imagem acima reporta-se a uma sucata/oficina de automóveis localizada em plena área de Reserva Agrícola Nacional e onde, supostamente, deveriam ser edificadas apenas habitações para os agricultores e instalações de apoio à actividade agrícola.
Tal como as barracas que se localizam a escassos metros destes barracões de apoio à actividade da reparação e depósito de automóveis, o simples facto desta construção existir configura uma irresponsabilidade atroz das entidades camarárias que pura e simplesmente não podem deixar situações destas acontecerem. Num município que vê assustadoramente as suas áreas agrícolas desaparecerem (incrível a betonização cada vez maior de toda a área em volta do IC20, vulgo Via Rápida da Costa), a CM Almada deixar ao abandono as Terras da Costa.
Gastou a Dona Emília tanto dinheiro a recuperar o Convento dos Capuchos para quê ? Para no miradouro se observarem barracas e sucatas de automóveis? Até quando vão os responsáveis da autarquia e do governo fingir que não vêem ?

OURIVESARIA ASSALTADA NA CAPARICA

Não querendo suscitar alarmismos ou exacerbar sentimentos de insegurança, a verdade é que as notícias de assaltos que têm aparecido nos últimos tempos não são obra do acaso. A última, respeita a um assalto à Ourivesaria Eros no Centro da Costa, com direito a tiroteio e caras tapadas, à boa maneira do Faroeste americano.

Três homens armados com uma caçadeira e cobertos com cachecóis assaltaram ontem uma ourivesaria no centro da Costa de Caparica, tendo furtado diversos artigos em ouro cujo valor está ainda por calcular, disse à agência Lusa fonte policial. O assalto ocorreu cerca das 11h, quando no interior do estabelecimento se encontrava apenas uma empregada, que, ao ver os assaltantes, ter-se-á escondido na arrecadação da loja. No exterior, um homem, que a PSP não conseguiu identificar, disparou vários tiros contra o automóvel em que fugiram os assaltantes. Contactados pela Agência Lusa, os proprietários não quiseram prestar declarações.

http://www.oprimeirodejaneiro.pt/?op=artigo&sec=a87ff679a2f3e71d9181a67b7542122c&subsec=&id=240af7a324e0e5ad880a2cc3948947f2

Reafirmo o que disse no último post, considero a Costa de Caparica uma cidade segura. Não obstante, penso que é fundamental reprimir a criminalidade, que teima em persistir, com acções concertadas de policiamento nos locais mais sensíveis, entre outros: nas praias, de dia, mantém-se a actividade dos carteiristas; à noite, estes são locais obscuros e inseguros, em especial os de menor visibilidade e movimento. Nas imediações do Restaurante Barbas têm sido relatados alguns assaltos. Na inqualificável Feira Popular, são frequentes as escaramuças entre jovens. Nas esplanadas, é preciso ter atenção a alguns gangs que por lá constantemente param.

Com notícias e acontecimentos destes, perdem-se muitos turistas. Urge evitá-los. Queremos uma Costa de Caparica aprazível e tranquila para cidadãos e turistas.

sexta-feira, agosto 25, 2006

ESQUADRA DA COSTA DE CAPARICA ASSALTADA DUAS VEZES EM MENOS DE UMA SEMANA




Com efeito, o título deste post parece tirado de um qualquer filme non sense americano. Mas não, é verdade e aconteceu na Costa de Caparica. Assaltar a esquadra de uma cidade que se quer turística nem terceiro mundista é; aliás, factos destes só me lembram acontecerem no Iraque.

Se não acreditam, vejam a notícia:


As instalações da esquadra da PSP da Costa de Caparica, Almada, foram alvo de assaltos duas vezes em menos de uma semana. Na primeira situação, um grupo de agentes conseguiu surpreender um homem a retirar objectos do interior da sua própria viatura, que por ter sido apreendida estava estacionada no parque da esquadra.

No último fim-de-semana, um homem com alegadas perturbações mentais voltou a violar o recinto da esquadra, furtando uma bicicleta usada no patrulhamento das praias.O parque de viaturas da esquadra da Costa de Caparica está situado nas traseiras das instalações. Rodeado por uma rede cheia de buracos, e com um portão de entrada que “frequentemente” fica aberto, o recinto não é muitas vezes vigiado, devido à escassez de efectivos na esquadra.No princípio da semana passada, um grupo de agentes que estava de serviço apercebeu-se de que um indivíduo tinha entrado furtivamente no parque da esquadra. “Trata-se de um homem que tinha a viatura apreendida por causa de uma questão de trânsito. Sem que a PSP percebesse, quis abrir o carro e levar uma série de objectos que disse serem dele”, disse ao CM fonte policial.O autor do furto foi constituído arguido, tendo sido elaborada participação ao Ministério Público.Na madrugada de sábado para domingo, o parque de viaturas da esquadra voltou a ser violado. Um indivíduo que, ao que o nosso jornal apurou, já está identificado, entrou furtivamente no recinto e furtou uma bicicleta que ali estava parqueada.“A bicicleta em causa é da PSP e destinava-se ao patrulhamento das praias da Caparica”, acrescentou o mesmo informador.O suspeito, conhecido na Costa de Caparica pelas suas evidentes perturbações mentais, foi identificado pela PSP algumas horas depois. Apesar das diligências das patrulhas, a bicicleta não foi recuperada.Fonte da Divisão de Almada da PSP admitiu ambos os furtos e referiu que os dois resultam “de uma falha de segurança na rede do parque de viaturas, que terá de ser rapidamente corrigida”.

Peixoto Rodrigues, secretário- -geral da Associação Sindical Independente de Agentes (ASG), disse ao CM que mais de uma dezena de agentes já pediu para sair da esquadra da PSP da Costa de Caparica. Segundo o dirigente, “há agentes que têm excesso de serviço, e que depois não é compensado com folgas”. “Quando levam detidos a Tribunal, ou participam noutras diligências fora da hora normal de serviço, os agentes deviam ser compensados”, acrescentou. Além disso, salienta Peixoto Rodrigues, “os pedidos de transferências também estão ligados a discordâncias com o comando de esquadra”. Opinião diferente tem a subcomissária Idalina Borralho, comandante da esquadra da Caparica. “Recebemos apenas cinco pedidos de transferência, e todos por mudança de residência. Os agentes que, efectivamente, fazem serviço extra, têm as folgas que lhes são devidas, desde que as mesmas não colidam com o serviço. Não há qualquer mau ambiente”, concluiu a subcomissária Idalina Borralho.

A equipa da PSP que patrulha, de bicicleta, as praias da Costa de Caparica sofreu uma baixa importante. Em vez de três, têm agora apenas duas bicicletas. Ontem à tarde, já após o contacto do CM, a comandante da esquadra da Costa de Caparica mandou colocar uma fechadura nova no parque de viaturas. Quando foi levado à presença da comandante da esquadra da Caparica, o suspeito do furto da bicicleta disse que nada diria, pois não falava com mulheres.

http://www.correiomanha.pt/noticia.asp?id=212537&idselect=10&idCanal=10&p=200

É caso para dizer, depois de casa roubada trancas à porta. O caricato desta situação é que desde há alguns anos que se ouvem histórias destas, e nada muda. As infra-estruturas da esquadra da Costa de Caparica são aflitivas e, imagino, também as condições de trabalho dos polícias.

Os efectivos são pouquíssimos para uma cidade tão visitada. Recordo-me à dias de ver 3 crianças brasileiras a roubar moedas de um telefone público, enquanto passava um polícia a escassos metros. Este, por impotência ou falta de profissionalismo, virou costas e foi embora. As patrulhas são feitas em jipes com décadas de idade. Existem polícias todo o dia à porta do Minipreço da Avenida, num serviço que deveria ser feito por seguranças privados pagos por esta cadeia de retalho.

Em suma, existe muita falta de organização e de preocupação para com a Costa de Caparica. Considero esta uma cidade segura, no entanto urge manter níveis mínimos de repressão policial à criminalidade, sob pena de podermos ter aqui problemas sérios ao nível do crime. Precisamos de mais polícias, uma nova esquadra, novos meios e mais organização.

quinta-feira, agosto 24, 2006

AS NOVAS BARRACAS DA CAPARICA



Benvindo à Costa de Caparica, olhe para a frente ou para a direita até chegar aos semáforos. É que, quem entrar e olhar para o lado esquerdo, depara-se com tudo o que de mau é possível existir em termos urbanísticos e de salubridade. Uma autêntica favela ao estilo Rio de Janeiro ou Joanesburgo em formação!



Como já aqui afirmei anteriormente, estas barracas são relativamente recentes e têm a sua origem na imbecilidade de alguns rendeiros que subalugam o espaço supostamente agrícola, para a construção destas habitações (?) a troco de alguns milhares de euros. O negócio vai de vento em poupa, tanto é que ultimamente o aglomerado tem crescido e promete tornar-se um dos poucos sucessos imobiliários da cidade, agora que as novas construções tardam em ser vendidas.

Eu pergunto-me: se esta é uma área de RAN, a construção é ilegalíssima, infra-estruturas nenhumas, está à vista de todos e corre risco iminente de incêndio ou outra tragédia qualquer, não há ninguém que ponha cobro a isto?

Destruiu-se o Bairro na Mata de Santo António, e agora deixa-se erguer um em condições praticamente iguais a escassas centenas de metros. Ou somos todos parvinhos, ou quem nos (des) governa simplesmente não tem o mínimo de preocupação em disfarçar a incompetência.

ICN, Câmara Municipal de Almada e Governo deveriam urgentemente olhar para esta situação e resolver o problema. Ou será melhor gastar-se milhares de contos em habitação social daqui a alguns anos ? É a cultura do remedeio, do deixa andar que pelos visto vai continuar a alimentar esta ilegalidade.

Vamos esperar até que tenhamos uma Cova da Moura às portas da cidade, talvez nessa altura a Câmara de Almada veja o problema.

segunda-feira, agosto 21, 2006

BARES DA COSTA A SAQUE




Já lá vai o tempo em que a esplanada do Pira Pora, um bar na praia do Castelo, Costa de Caparica, estava sempre cheia. Este ano, devido a actos de vandalismo no estabelecimento, a proprietária só abriu as portas um mês mais tarde, em Julho. Desde então, já foi assaltada quatro vezes. “Isto está a tornar-se insustentável”, acusa Gracinda Barbosa.

“Este ano os assaltos nos parques de estacionamento, nos pontões e no areal estão a afastar os veraneantes e a situação está a tornar-se insustentável para os concessionários, por causa dos assaltos aos bares”, acusou a proprietária.Anteontem de madrugada, desconhecidos arrombaram-lhe o bar da praia e levaram-lhe 450 euros em dinheiro e diversos valores. “Desde o dia 1 de Julho este é o quarto assalto. Mal tenho tempo de me refazer e há novo ataque”, acusou Gracinda, que deixou de vender algumas refeições rápidas porque os ladrões também lhe levaram a comida. Há cinco anos que Gracinda explora o Pira Pora na época balnear e nunca viu “a Costa tão insegura e tão vazia”.Um dos donos do restaurante Praia do Castelo partilha da mesma opinião. Desde que há dois anos lhe roubaram dois geradores, António Vieira tem evitado várias tentativas de assaltos porque ele, a família e os funcionários vão revezando as dormidas no estabelecimento para afastar os amigos do alheio. Também os dois cães rottweiler têm sido fundamentais no alarme. Com as praias vazias e os sucessivos assaltos, os proprietários queixam-se de que as despesas são superiores aos lucros. Cada concessionário é obrigado a pagar a dois nadadores salvadores, se não é multado. O preço da concessão do espaço também é elevado. Os concessionários das praias queixam-se da falta de acessos às praias. A falta de estacionamento, os acessos em terra batida e o trânsito dificultariam o trabalho de qualquer carro dos bombeiros, acusam. “A Costa precisa de atenção e de ser cuidada”, diz Gracinda Barbosa.
http://www.correiomanha.pt/noticia.asp?id=212111&idselect=10&idCanal=10&p=200

A criminalidade é sempre condenável e, neste sentido, creio que urge reforçar o policiamento nestas áreas - movimentadíssimas de dia e desertas à noite. Contudo, se os bares de praia não dão lucro, não será decerto pela acção criminosa. Será que estes empresários não viram ainda que os seus estabelecimentos têm poucas ou nenhumas condições, praticam preços elevadíssimos para o serviço prestado e não oferecem o mínimo aos veraneantes ?

Eu gostava ainda de saber como é possível dizer-se que as praias estão vazias, quando o que se vê é o mesmo de sempre: praias cheias até ao limite ! Mesmo em dia de semana os parques de estacionamento ficam cheios e os carros aparecem até às estradas de acesso. Em grande parte destes parques pululam sinistros arrumadores de carros que nada ajudam e literalmente exigem a moedinha por um serviço que não prestam. Estabelecimentos inestéticos, ausência de chuveiros, WC e preços exorbitantes. Se o negócio corre mal, se calhar o problema não é das pessoas. É do empresário que continua a oferecer o mesmo que há 10 ou 20 anos atrás, isto com a inflação nos preços pois claro.

Há bons exemplos em várias praias, contudo ainda é necessário aumentar significativamente a qualidade do serviço. Inovar, renovar e oferecer boas condições aos clientes.

A Win Win situation.

domingo, agosto 20, 2006

A OCUPAÇÃO INDEVIDA DAS TERRAS DA COSTA


Como já foi aqui demonstrado em anteriores posts, a agricultura nestas terras é deveras intensiva e insustentável. Mas, aliada a esta má prática, coexiste uma indevida ocupação urbana de âmbito clandestino e que ameaça todo uma área classificada em grande parte como RAN - Reserva Agrícola Nacional - e REN - Reserva Ecológica Nacional.

Para quem não está familiarizado com os termos, a simples classificação REN e RAN subentende um conjunto de directivas que, consagradas na lei, têm de ser cumpridas. Ora vejamos...Sucintamente, pode-se afirmar que em áreas de reserva agrícola nacional a construção de habitação é apenas permitida como auxiliar da prática agrícola, ou para a habitação dos próprios agricultores das terras. O que acontece nas Terras da Costa é uma autêntica subversão da legislação numa prática completamente ilegal de construção de primeira ou segunda habitação, em áreas com potencial e aptidão agrícola elevados.

Numa caldeirada de legislação em terras de rendeiros, proprietários e direito de uso capião, a Câmara de Almada anseia pelas receitas sempre benvindas de mais urbanizações e cidadãos, nem que o custo seja eliminar uma das ainda resistentes áreas agrícolas do Concelho. Resta saber até quanto...

Os rendeiros, apesar da maioria continuarem a sua prática agrícola intensiva que, embora ambientalmente insustentável, lá vai dando para manter a actividade rentável, optam por vezes pela via mais fácil. Isto é, sub arrendar (ilegalmente, claro) as suas terras para a edificação de casas. Estas actividades menos escrupulosas deram origem às numerosas edificações dispersas e persistentes em praticamente toda a área de arriba fóssil até à foz da Ribeira do Rêgo, da qual o exemplo mais flagrante é o escândalo do novo bairro de lata à entrada da Costa, mesmo ao lado da via rápida para todos verem. Facto que será desenvolvido em futuros posts...

Interessante ainda é o facto de já existir uma área urbana consolidada perto da Praia da Mata. Na mesma lógica, que se legalize o Bairro do Campo da Bola e se mantenham todos os abortos urbanísticos do Concelho.



Fica aqui uma síntese da ocupação urbanística nesta área. À vossa consideração...

o Pequenos aglomerados de “lata”, que configuram situações de extrema pobreza e habitação degradada e clandestina
o Parques de campismo legais em condições precárias
o Edificado de apoio directo e indirecto à actividade agrícola
o Edificado habitacional clandestino disperso, com alguns (pequenos) focos de concentração
o Área urbana consolidada com algum nível de concentração

quinta-feira, agosto 17, 2006

PROBLEMÁTICA ECOLÓGICA DA AGRICULTURA NAS TERRAS DA COSTA




A área agrícola das Terras da Costa está sujeita a um elevado nível de contaminação do solo e aquífero subterrâneo, resultante da excessiva fertilização e de efluentes domésticos e pecuários sem tratamento. A degradação ambiental é ainda agravada pela crescente pressão urbana derivada da expansão da cidade e da edificação clandestina, contribuintes para uma maior impermeabilização do solo.

Como tornar a agricultura sustentável ?

A utilização do recurso solo tem que, simultaneamente, permitir a sua regeneração em tempo útil e a produção rentável de bens alimentares. Deste modo, para um correcto equilíbrio entre actividade agrícola, homem e meio ambiente, deve-se:

Reduzir drasticamente a incorporação de fertilizantes no solo, incrementando a qualidade e o valor acrescentado do produto agrícola

Apostar em nichos de mercado, como a agricultura biológica

Manter o cariz agrícola destas terras, contendo o “betão” e impedindo a edificação clandestina


quarta-feira, agosto 16, 2006

A AGRICULTURA NAS TERRAS DA COSTA


As Terras da Costa constituem uma faixa de terreno plana e de cariz agrícola localizada entre a Arriba Fóssil, a cidade da Costa de Caparica e o cordão dunar. A sua origem remonta ao sismo de 1755, o qual motivou a emersão de uma vasta área anteriormente pantanosa e na qual se veio a fixar população.
Numa primeira fase, era cultivada predominantemente a vinha e os cereais. Actualmente, a produção baseia-se no hortícola de regadio, aproveitando a fertilidade originada pela junção de solos de características arenosas à grande riqueza hídrica no subsolo.

A agricultura desenrola-se com elevados níveis de produtividade, apenas possibilitada pela correcção artificial dos solos. Para se obterem 3 a 4 culturas anuais, são utilizadas grandes quantidades de adubos e estrume*:

§A generalidade dos agricultores aplica, por cultura/ha, até 833kg de adubos. O valor máximo atingido numa parcela foi de 5833kg.

§A quantidade média de estrume por cultura/ha é de 11 toneladas, chegando-se a registar um máximo de 333 toneladas.


A produção é dominada pelos hortícolas frescos, nomeadamente o lombardo, a couve-flor e a couve portuguesa, cujo escoamento é feito em grande parte pelos comerciantes de revenda da AML, consubstanciando a agricultura de mercado praticada.

Fonte: Elaboração Própria, com base nos inquéritos realizados por CALDINHAS, S. (1999), “PPAFCC: Dinâmica de uso do solo e processos geomorfológicos”, PPAFCC

segunda-feira, agosto 14, 2006

CAPARICA À BRASILEIRA 2


Relatos de vida de alguns caparicanos de nacionalidade brasileira...


Rone e Luísa Gomes, e os filhos Raoni e Raiene. Cantam na Igreja de Nossa Senhora da Conceição aos domingos. Rone, o primeiro a chegar, passou pela Caparica em 1998, em trânsito para a Alemanha. Não teve sorte. Regressou à Costa, sem dinheiro e trabalho. Passou por um restaurante, depois pela construção civil. A seguir às desilusões, veio a sorte. Hoje, Rone, também de Minas Gerais, já investiu no Brasil e tem casa própria em Portugal. E porque pode sonhar, ainda não pensa em voltar.


Jorginho, dono do bar Eléctrico, junto à Praia de Caparica, ponto de confluência de centenas de brasileiros, assim como de portugueses que foram imigrantes no Brasil. Jorginho também fez de tudo: «Vim para a Costa de Caparica através de um ‘coiote’, que me trouxe para cá. Vim para pedreiro, andei a vender cerveja Brahma na Praça de Espanha, morava na Torre das Argolas com mais 12 brasileiros». Foi há sete anos. «Hoje peso 84 quilos, na altura fiquei com 53. Passei fome». Trabalhou na messe de um edifício militar, fez trabalho braçal. Finalmente, «dei sorte». E assim nasceu o Eléctrico. Onde Jorginho é feliz.


Fabiana Sousa, empregada numa loja de roupas e artigos brasileiros de moda. O marido, também de Vitória de Espírito Santo, Minas Gerais, abriu caminho na Caparica para a sua chegada, há dois anos. Fabiana trabalhou num café, depois numa pastelaria, e a seguir numa gelataria.


Sandro «Bala», instrutor de jiu-jitsu, treinador de vale-tudo, um desporto de combate brasileiro que dá os primeiros passos em Portugal. Sandro dá aulas num ginásio por cima do quartel dos Bombeiros da Costa de Caparica, que na semana passada produziu uma campeã mundial de jiu-jitsu. Sandro veio sozinho para Portugal em 2000. É natural de Brasília. Trabalhou num restaurante, depois numa casa de vinhos, depois na «noite». O jiu-jitsu está em crescimento juntamente com a comunidade brasileira. E Sandro passou a instrutor a tempo inteiro. «Portugal acolheu-me», diz.

in Semanário Expresso

CAPARICA À BRASILEIRA




No semanário Expresso, mais concretamente na Revista Única, saiu há poucas semanas um artigo dedicado à Costa de Caparica e sua extensa comunidade brasileira. De entre os muitos factos relatados, constou que os brasileiros totalizam já cerca de 1/3 dos habitantes da cidade. É muito, mesmo muito. E de seguida passarei aqui alguns excertos presentes no site do expresso.

Caso alguém tenha a dita revista, que scane e envie para o email caparicafuturista@hotmail.com . Valeu !


Caparica à brasileira
5 Agosto 2006

E aí, tudo legal? Nem por isso. Os números oficiais são o que são. A Costa de Caparica é o que é: um universo dentro de um universo maior, à espera de um universo invasor, de Verão, de famílias em fila indiana, lideradas por chinelos, calções desportivos, barrigas amplas em tronco nu, «body builders» de pernas arqueadas, tatuagens que sobreviveram à juventude ou à guerra colonial. Homens e mulheres e carrinhos de bebé a fingir que estão de férias, a tostar nas praias sobrelotadas, a atestar os parques de campismo, a desfilar em viaturas semi-topo de gama com matrícula da diáspora. Comem-se hamburgueres ao lado de canalizações duvidosas, despacham-se cervejas em esplanadas absorvidas de brasileiros, de africanos, do Leste, da grande Lisboa, de ciganos com metamorfoses «Dolce & Gabbana», a fazer ofertas tentadoras aos subsídios de férias que passam, de pescadores na reforma, de turistas a passear queimaduras expostas ou de perna cruzada a comer marisco e a beber «rosé», com as suas câmaras digitais em descuido sob o olhar de especialistas, de jovens com os bonés virados para as traseiras, onde estão estacionados os seus exemplares de «tunning», todos num espaço onde cabem muitas culturas, a circular em ruas sem um metro quadrado para respirar, todos numa marcha imparável para lado nenhum, prontíssimos para regressar no ano seguinte.

domingo, agosto 13, 2006

POLIS ? É JÁ A SEGUIR !


O Tribunal Administrativo de Lisboa "reconheceu o direito de propriedade dos moradores do Campo da Bola", na Costa de Caparica, sublinha o advogado dos moradores. Segundo João Vaz, com esta decisão do tribunal, o Plano de Pormenor do Bairro do Campo da Bola, um dos sete planos de pormenor que formam o Polis da Costa de Caparica, "não deverá poder avançar sem autorização dos moradores". Paralelamente, estes moradores instauraram uma "impugnação judicial ao Polis", que ainda aguarda resposta.O tribunal "considerou ilegal as normas do edital 36-b/88 da Câmara de Almada, que proibiam o arrendamento e venda das habitações" e "limitava a transmissão hereditária apenas àqueles que provassem ter morado três anos com o falecido", o que "violava o direito de propriedade", explica o advogado. João Vaz considera esta "uma batalha legal ganha" e defende que o Bairro do Campo da Bola "não é clandestino, como se faz crer". Os moradores deste bairro são contra o Plano de Pormenor, porque este "quer limitá-los a um terreno de cerca de dois hectares em edifícios", quando actualmente ocupam "6,92 hectares em moradias". Como solução, os moradores propõem "ou a legalização do bairro, embora com correcções urbanísticas", ou a construção de "vivendas em banda numa área de 4 hectares", esclarece João Vaz. O mesmo admite ainda recorrer "às instâncias europeias" caso esta questão não se resolva. O próximo passo é, no entanto, "aguardar a acção do Polis e da Câmara de Almada". A autarquia almadense, por outro lado, diz "desconhecer em absoluto esta decisão do tribunal".
http://dn.sapo.pt/2006/07/27/cidades/moradores_campo_bola_ganham_guerra_c.html



Depois de finalmente se terem derrubado as barracas na Mata de Santo António, indaguei-me sobre se este não seria o primeiro passo para que este e os restantes Planos de Pormenor
fossem executados. Puro engano, continua a interminável telenovela com tribunais, políticos, população e interesses que por este caminho levarão o Polis à falência. Um Plano de Pormenor demora algum tempo a ser elaborado e, principalmente, a ser aprovado. Neste sentido, não vejo num horizonte próximo o Plano, que está feito e disponível na internet, ser reformulado ao gosto dos actuais moradores. Actualmente, estão já em fase de concurso os Projectos de execução deste plano, no pressuposto da planta de implantação se manter igual ao previsto.


Em primeiro lugar, queria realçar que o Plano de Pormenor do Campo da Bola prevê um novo mercado, uma nova sede para a Junta de Freguesia da Costa de Caparica, habitação no âmbito do PER (Plano Especial de Realojamento), a construção de um ATL, um centro de apoio a idosos, instalações para o Sport União e Caparica, uma sede para a comissão de moradores, áreas comerciais, novos espaços de estacionamento e vários espaços verdes e de lazer. De acordo com tudo, é uma necessidade urgente construír infra-estruturas e criar centralidades na parte Sul da cidade.

Em segundo lugar, o prolongamento da Av. Humberto Delgado (avenida das discotecas) e a sua ligação à Avenida D. Sebastião é para mim um novo atentado ao que ainda resta das dunas originais nas praias urbanas. Os benefícios desta via são para mim no mínimo duvidosos, e o risco de avanço do mar será indubitavelmente maior. E não esperem que a recarga artificial das praias seja solução para tudo...

Em terceiro lugar, a actuação dos moradores é também passível de crítica. Mas cabe na cabeça de alguém a legalização deste bairro ? Só se a correcção urbanística de que estes falam for a demolição e construção de raíz...Quanto à ilegalidade do bairro, não tenho muitas dúvidas. Aliás, grande parte deste foi construído em Domínio Púlico Marítimo. Não existe o mínimo dos mínimos de infra-estruturas nem de planeamento urbanístico. Contudo, e ao contrário do que acontecia na Mata de Santo António, aqui os proprietários têm direitos sobre os terrenos. Não tinham era direitos de construção, daí a pertinência do realojamento.

Em suma, é mais um imbróglio jurídico com que a Sociedade CostaPolis terá de lidar. E por este andar, continuaremos infinitamente de recurso em recurso, de tribunal em tribunal...até quando ?

sexta-feira, agosto 11, 2006

O COSTAPOLIS E A DEFESA DA LINHA DE COSTA II





Porém, várias interrogações se colocam. Antes de mais, é preocupante aferir que grande parte do Programa Polis se baseia na contenção do avanço do mar através das medidas referidas, não obstante a inevitabilidade da subida do nível médio do mar e a intensa dinâmica de ventos e ondulação registadas nesta área. Acresce ainda que a recarga artificial das praias não é uma solução permanente, estando sobreavaliada por técnicos, responsáveis políticos e pela população em geral.

De facto, a recarga artificial das praias é uma solução temporária, cuja temporalidade depende das condições naturais e da eficácia da monitorização. Existem ainda várias outras reservas, ligadas a factos que foram de certa forma menosprezados, como a elevada poluição no estuário do Tejo e nos sedimentos aí presentes, a competição com outras praias para receber os sedimentos dragados no Porto de Lisboa, a impossibilidade de plantar vegetação aglutinadora dos sedimentos e cordão dunar em virtude da separação entre este e a praia (pelo paredão), a importação maciça (e não faseada) de sedimentos e a não existência de um programa eficaz de monitorização do regime de areia.

Seria razoável face à envergadura destes procedimentos e sua complexidade, analisar de melhor forma a sua planificação através de estudos detalhados sobre cada um dos elementos envolvidos na problemática, integrados, por exemplo, num modelo de simulação da sua resposta face às condições naturais; ou um sistema bem planeado de monitorização constante, em especial por esta ser uma das áreas mais utilizadas para lazer da populosa Área Metropolitana de Lisboa.

O COSTAPOLIS E A DEFESA DA LINHA DE COSTA


No âmbito do Programa Polis da Costa da Caparica, estão previstas diversas acções de protecção e defesa da linha de costa que, em conjunto com uma ampla rede de acções no local e a jusante, na área edificada e cordão dunar, visam mitigar os problemas derivados do avanço do mar. As obras, a cargo do Instituto da Água (INAG), resultam da existência de uma carência generalizada de areia nas praias, e da sua imersão em preia-mar, a que acresce o encurtamento generalizado dos esporões pela destruição de grande parte das respectivas cabeças e corpo.

Para a sua realização, está previsto um avultado investimento de 8,2 milhões de euros para recuperar os esporões e aumentar o seu comprimento (nos esporões considerados estruturantes), e a sua acção deverá permitir travar a erosão costeira, através da acumulação de areia nas praias, evitando que a ondulação incida directamente nas dunas. A finalizar, está previsto o reforço da areia nas praias, através de um enchimento artificial de cerca de 1 a 2 milhões de metros cúbicos de areias retiradas de zonas já identificadas pelo Instituto Hidrográfico para este efeito e/ou em dragagens da Administração do Porto de Lisboa; e ainda, no âmbito dos diversos Planos de Pormenor previstos para esta área, a replantação de espécies vegetais no cordão dunar de modo a diminuir ao máximo a acção dos ventos na movimentação da areia. A pertinência das obras e medidas de defesa desta área do litoral são incontestáveis. A existência de um aglomerado populacional em risco, as mais valias criadas na área adjacente ao mar, a elevadíssima afluência e usufruto destas praias e o impacto imprevisível que a sua não utilização teria nas restantes praias da AML, são factos por si só justificativos da tomada de medidas.

P.S. - A partir de um estudo por mim realizado, achei pertinente colocar parcialmente o seu conteúdo neste blog de forma a poder elucidar melhor os caparicanos, e não só, acerca dos problemas que nos afectam. E, quanto a mim, este é decerto o mais gravoso de todos.

PORQUE NÃO TEMOS AREIA NAS PRAIAS DA CAPARICA ?




Durante séculos a Costa da Caparica teve um imenso areal, que se prolongava pelo mar e incluía uma ligação ao Bugio, constituído sobre o banco de areia que se ligava à Cova do Vapor e, devido à sua aparente inesgotabilidade, foi utilizada em algumas obras, como a construção das docas na parte oriental de Lisboa e na qual se utilizaram milhões de metros cúbicos de areia. De igual forma, a construção de várias barragens ao longo do Tejo e seus afluentes resultou, decerto e apesar da escassez de dados, na diminuição de sedimentos chegados ao estuário.Não querendo especular demasiado sobre a responsabilidade de cada acontecimento, a verdade é que, a dada altura, o banco de areia Bugio/Cova do Vapor se rompeu.

Esta abertura, actualmente denominada golada, intensificou o avanço do mar sobre a praia e a pequena duna que protegiam o aglomerado da Costa da Caparica. Às consequências, amplificadas pela subida do nível médio do mar e contexto físico específico, os agentes políticos viram-se obrigados a agir, procedendo a obras de contenção do avanço do mar. A primeira solução encontrada foi a construção de um quebra-mar (também apelidado de paredão) e de uma dezena de esporões perpendiculares e adjacentes a este, cuja finalidade era a absorção da energia das ondulações e seu consequente enfraquecimento, servindo apenas os esporões da Cova do Vapor como retentores de sedimentos. *

A vanguarda desta defesa continuou a ser a praia e o cordão dunar, onde até há alguns anos, a língua de areia entre o paredão e o mar, mesmo na preia-mar, era considerável. Contudo, a partir do final da década de 90, a problemática da falta de areia acentuou-se de tal forma que, inclusive na baixa-mar, a língua de areia era escassa e húmida. Apesar da influência dos vários factores já referidos, tal situação pode ser também explicável pelas alterações decorrentes das dragagens na barra do Rio Tejo, e os impactos a jusante da retenção de sedimentos nos esporões da Cova do Vapor. Acresce ainda que o destino das dragagens efectuadas pelo Porto de Lisboa, tem sido principalmente as praias da linha de Oeiras, Sintra e Cascais, actualmente com problemas bem menores ao nível da sedimentação.


* Ao contrário do que se poderia supor, a retenção de areias é apenas consequente quando a estrutura de um esporão se encontra bem para lá da rebentação das ondas, como é o caso do esporão da Cova do Vapor.

Fonte: Autoria Própria

quinta-feira, agosto 10, 2006

INTERNACIONALIZAÇÃO DA COSTA DE CAPARICA




Quem como eu este Verão circulou diariamente pela Costa, decerto se apercebeu de um invulgar número de turistas estrangeiros por estas paragens. O ano passado houve já um ensaio, com os milhares de jovens alemães que ficaram num acampamento dos escuteiros em São João da Caparica, mas este ano as coisas têm sido diferentes.

Conhecendo várias pessoas que estiveram hospedadas nos hotéis e pensões da cidade, todas me confirmaram o mesmo: a maioria dos hóspedes são este ano estrangeiros. Apesar da óbvia sazonalidade, até no Inverno/Primavera se assistiu a este facto, por exemplo com a vinda de milhares de turistas séniores austríacos no âmbito do acordo com a Segurança Social deste país.

Outro dado importante é o facto de existirem inúmeros automóveis com matrículas espanholas e francesas por estes dias na Costa. Além dos turistas, um grande número de emigrantes aproveita as nossas praias para aqui passar as suas férias. Ah, e é ainda perceptível que várias excursões têm incluído a Costa de Caparica nos seus roteiros, vindo estes turistas de toda a parte da Europa !


De facto, não sei se tudo isto ocorreu de forma espontânea, ou se foi induzido por alguma política concelhia ou estratégia de marketing do estabelecimentos hoteleiros da cidade. A verdade é que estamos de parabéns, pois a Costa merece figurar no mapa dos principais destinos turísticos de Lisboa, e até do país.

É uma grande oportunidade para a Costa de Caparica. O potencial como se sabe é imenso, mas esta vaga só terá sentido se houver visão e estratégia para se rentabilizar um tipo de turista regra geral com elevado poder de compra e altos padrões de qualidade.

Torna-se urgente corrigir o problema da falta de acessibilidade às praias a Sul da cidade. Todos estes turistas ficam pelas praias urbanas, as quais têm péssimas condições e pouca ou nenhuma areia. Acresce ainda a falta de espaços verdes e de equipamentos de apoio aos turistas. Alguém por acaso sabe onde fica o Turismo da Costa ? E se sim, já alguém viu sinalização a indicar a sua existência ?


Tudo isto tem sido colmatado pela beleza natural da nossa freguesia, alguma animação nocturna, boa restauração e um sector terciário de relativa qualidade. E claro, as melhores praias de Lisboa. Precisamos de mais turistas, e menos visitantes. Mais qualidade, e menos massificação. Por aqui passa o futuro..

quarta-feira, agosto 09, 2006

A LENDA DA CAPARICA II



A segunda lenda reporta-se a um velho pescador que vivia sozinho numa pequena cabana na praia, construída por ele próprio. Quando o tempo o permitia, dedicava-se à faina da pesca, vendendo o pescado na aldeia, onde era uma pessoa bastante estimada. Quando o tempo mudava de feição, o velho pescador consertava as suas redes e, se o tempo arrefecia, embrulhava-se e protegia-se numa velha capa, já muito remendada.Certa vez, o pescador dirigiu-se à povoação mais próxima e procurou um notário para ditar o seu testamento, legando, após a sua morte, a capa à sua aldeia e, com a quantia por esta conseguida, que fosse erigido um monumento aos pescadores.Com o correr do tempo, esta ideia, lavrada em papel, caiu no esquecimento geral, mas com o falecimento do velho pescador, um seu vizinho foi buscar a capa mas encontrou-a por demais pesada e, verificando tal estranho acontecimento, descobriu que por debaixo de cada remendo estava uma moeda de ouro. Tantas eram as moedas, que foi possível construir um excelente monumento em honra dos pescadores, como tinha sido determinado pelo idoso pescador.Os habitantes da povoação afirmavam que o bom pescador não tinha escarnecido deles e que, ao invés de uma capa pobre, ele possuía uma capa-rica.Este acontecimento marca o surgimento do topónimo Caparica, e assim foram designadas a aldeia e a praia desde esse momento. ( www.m-almada.pt )

Costa da Caparica: 22 contra-ordenações na praia

Falta de assistência a banhistas e ocultação abusiva da frente marítima

Vinte e dois processos de contra-ordenação já foram instaurados esta época balnear a proprietários de bares/restaurantes das praias da Costa de Caparica, por infracções como falta de assistência a banhistas, licenciamento e ocupação abusiva da frente marítima, escreve a «Lusa».
Os processos de contra-ordenação, que se iniciaram com o levantamento de 22 autos de notícia e terminam com a aplicação (ou não) de coimas, foram abertos desde que entrou em vigor, a 7 de Junho, a legislação que prevê multas para titulares de concessões de praia, banhistas e nadadores-salvadores, segundo dados facultados à agência «Lusa» pela Marinha.
Nenhum banhista foi, até ao momento, autuado por desrespeitar a bandeira amarela ou vermelha nas praias da Costa de Caparica pelas autoridades marítimas, a quem compete fiscalizar e aplicar as coimas.
De acordo com a Armada, dos 22 autos de notícia até agora levantados a concessionários, sete devem-se à falta de nadadores-salvadores e os restantes à ausência de licenciamento camarário, ocupação abusiva do domínio público marítimo e funcionamento dos estabelecimentos fora do horário permitido.
Segundo a nova lei, cada uma destas infracções pode ser punida com uma coima variável entre os 250 e os 2.500 euros.
O processo de aplicação da multa não é imediato, já que os visados podem contestar.
As praias da Costa de Caparica estendem-se por uma frente de areia de 20 quilómetros e têm mais de 50 concessões de zona balnear.
http://www.portugaldiario.iol.pt/noticia.php?id=705554&div_id=291

A falta de qualidade dos apoios de praia na Costa é gritante. Edifícios pesados, autênticos mamarrachos completamente desenquadrados do espaço balnear, parecem algo que tanto podia estar na praia como no campo. Senão vejamos..

Duche ? Nunca vi nenhum.
WC ? "Só com consumo" ou "Tem que pagar 1€". E depois vemos pessoas a fazer as necessidades na praia, vá-se lá saber porquê.
Água e Comida ? São todos bares e restaurantes de luxo, mas só no preço.
Enfermagem e socorrismo ? Penso rápido e água oxigenada.
Acessibilidades ? Gostava de ver uma ambulância a ir buscar alguém num dia de Verão..Missão Impossível!
Nadadores Salvadores ? O menos mau, pois quase todas as praias já têm pelo menos um.

Contudo, importa referir que já se começam a ver apoios de praia de qualidade, em especial a Sul da cidade da Costa de Caparica. Por enquanto são uma minoria, vejamos se mais não seguem o exemplo.

segunda-feira, agosto 07, 2006

FONTE DA TELHA SEM ORDENAMENTO


Para quem conhece a Fonte da Telha, decerto que tem a noção de que uma das melhores praias da região tem um aspecto absurdamente feio. Restaurantes, bares, habitação, infra-estruturas, vias - tudo degradado. E assim surgiu a seguinte notícia do Correio da Manhã:

"Fim-de-semana de calor é sinónimo de confusão e muito pó para os milhares de frequentadores das praias da Fonte da Telha (Almada). A falta de ordenamento e de requalificação do bairro clandestino têm sido adiadas há anos, o que prejudica o negócio e a qualidade de vida das 300 famílias que vivem na localidade entre a falésia e o mar.




António Amorim, presidente da Associação de Moradores, acusa a autarquia e o Governo de falta de acção: “Estamos neste impasse, é hoje, é amanhã, é este ano, é noutro ano e nada se faz.” A Fonte da Telha tem apenas uma rua calcetada e iluminada. Em 2003, o Plano de Ordenamento da Orla Costeira Sintra/Sado previa a demolição das habitações ilegais e o recuo dos bares de praia, mas a sua execução foi remetida para um plano a elaborar pela autarquia, que continua por fazer. “Os clientes chegam para jantar, passa um carro ou uma mota e é uma poeirada”, reclama Artur Tavares, dono de um restaurante. Anabela Almeida, utilizadora das praias há vários anos, critica os acessos “horríveis, já cheguei a estar parada uma hora no trânsito para sair da praia”.

Pois é. Planos e recomendações sabemos nós fazer. Mas acção é pouca ou nenhuma. Se a habitação é clandestina, tem que ser demolida o mais depressa possível. Se os apoios de praia não cumprem as exigências, têm que ser demolidos e construídos de novo em conformidade com o Plano de Ordenamento da Orla Costeira respectivo. Ou será que a Câmara Municipal de Almada também está à espera do milagre do Polis que tudo faz e nada resolve?

ONDAPARQUE: O PARQUE AQUÁTICO FANTASMA


Quem entra na Costa de Caparica pela via rápida, desde há muito que observa um parque aquático votado ao abandono, num claro exemplo do que não deve ser feito. Mas vamos analisar primariamente o porquê de um parque aquático neste local.

Para quem não saiba (e, claramente, a Câmara Municipal de Almada não sabe), a Arriba Fóssil da Costa de Caparica constitui uma área frágil e que deve ser preservada, não só por razões ecológicas e ambientais, mas porque o risco da edificação neste espaço é bastante elevado. Um parque aquático completamente sub-dimensionado para os utentes que recebia, sobre uma vertente da arriba ? Geomorfologicamente, parece-me inverosímil. Aliás, como o é o Aldeamento dos Capuchos, onde os custos de terraplanagem devem ter sido metade dos custos totais do projecto, dada a sensibilidade deste local.

Não devendo aqui ser possível edificar empreendimentos "pesados", até porque as acessibilidades ao local (incluindo espaço reduzido para estacionamento) não são as melhores, reproduzo agora uma entrevista de 2002 à Exma. Presidente da Câmara de Almada.

É referido que "a Câmara de Almada nega responsabilidades na matéria (como não podia deixar de ser..), até porque se trata de uma "propriedade privada". "É como uma fábrica abandonada que deixou de funcionar e onde o município não tem competência para intervir", disse Maria Emília de Sousa, presidente da autarquia." Então isso significa que qualquer munícipe pode fazer o que bem entender com as suas propriedades privadas, mesmo que aí se realizem actividades ilícitas e se prejudique imensamente a imagem de um destino turístico visitado por milhões de pessoas todos os anos ? A Câmara de Almada tem uma palavra a dizer, ou não fosse o seu dever governar o Concelho de Almada, e não apenas as propriedades públicas.

Mais à frente, Maria Emília diz que "já houve várias entidades que pretenderam adquirir o espaço ao proprietário, mas as iniciativas, nomeadamente a construção de uma pista de "kart", não deram resultado". Seria uma pista de Kart a solução indicada para um espaço frágil e constituído numa vertente sedimentar pouco consistente ? Além da inclinação desta antever subidas e descidas bastante engraçadas para um kartódromo. Ou se calhar podiam-se contratar os técnicos de terraplanagem do Aldeamento dos Capuchos, que tão bom trabalho fizeram. Isto tudo até ao dia em que aconteça algum desastre.

Por último, Maria Emília refere que "o Polis da Costa de Caparica e a extensão do Metro Sul do Tejo até esta freguesia poderão trazer novas dinâmicas e interesses sobre a área. Estou esperançada que toda a zona seja recuperada". Sempre ouvi dizer que a esperança era a última coisa a morrer, mas neste caso estou à beira da desistência.

Extensão do Metro Sul do Tejo até à Costa de Caparica ? Se nem conseguem pô-lo em movimento em Almada, nem em 2050 teremos esta extensão na Costa.
Polis na Costa da Caparica ? Continuamos todos à espera de tão ambicioso projecto. E, além do mais, nos projectos até agora divulgados não há qualquer referência ao Ondaparque. Ou seja, não se antevê solução possível.

Concluíndo, neste espaço frágil e totalmente degradado deve ser construída uma área verde que consolide a arriba e contribua para melhorar o ambiente na freguesia e no Concelho. Não precisamos de pistas de Karts nem de soluções completamente desfasadas da realidade em questão. Até porque um Kartódromo neste local, nunca poderia ser uma estrutura de qualidade. Contudo, o mais provável é manter-se o parque aquático fantasma. Por muito mais tempo.

quarta-feira, agosto 02, 2006

BAIRRO SOCIAL COM VISTA PARA O MAR


Depois de décadas de terceiro mundismo à beira-mar, finalmente se resolveu o problema das barracas na mata de Santo António. Como se de alguma favela carioca se tratasse, a Costa da Caparica, destino turístico e de visita de milhões de pessoas anualmente, mostrava este bonito postal a todos os que tivessem o prazer de percorrer o paredão no seu lado Norte.
Barracas demolidas, problema resolvido - na teoria. Área de génese ilegal, os seus habitantes nem do próprio terreno eram proprietários. Trata-se portanto de uma usurpação de um terreno alheio, com a construção de habitações (?) sem as minimas condições de salubridade. Direitos adquiridos de qualquer espécie são zero, o que pressupunha uma solução coerciva e não paternalista em qualquer país civilizado.

Contudo, a solução é a mesma de sempre: premiar o desrespeito e a ilegalidade. Senão vejamos o que diz o site www.costapolis.pt, na parte correspondente ao Plano de Pormenor do Jardim Urbano.

"Tendo preocupações de valorização ambiental, foi definido um conceito de protecção do território através de opções paisagísticas que preservem um grande grau de naturalidade nos espaços verdes. Era também importante fazer destes espaços zonas vividas pela população, ou seja, aliar o uso de recreio com a protecção do território. Nesse sentido, foi definido um conjunto de equipamentos de lazer e desporto, como parques infantis e juvenis, parque de merendas, campo polidesportivo e campos de ténis, entre outros."

Recreio, lazer e espaços verdes, aspectos fundamentais na infra-estruturação de um destino turístico que se quer de qualidade. Uma mais valia para todos os caparicanos, e um garante de uma maior qualidade de vida. O caricato vem a seguir, quando se afirma que "nesta estratégia insere-se ainda a recuperação da função residencial – actualmente fixada em alojamento precário – através do PER (Programa Especial de Realojamento)."

Em primeiro lugar, é de uma injustiça atroz atribuír-se casa junto ao mar, num local privilegiadíssimo, a quem não tem qualquer direito sobre o mesmo.
Segundo, quando existem centenas de fogos por habitar e mais uns quantos devolutos um pouco por toda a Costa da Caparica (já para não falar no restante do Concelho de Almada), fará sentido gastar-se fortunas em PER's ? Além da habitação, estamos a falar da infra-estruturação (água, electricidade, saneamento básico, etc.)...
Por último, de ressalvar que a lógica deste Plano de Pormenor até é globalmente positiva. A arborização de grande parte desta área e os equipamentos propostos são de óbvio interesse público. Um bairro social aqui é que me faz alguma confusão...